Meus olhos verdes (parte VII)

Por Rogers Silva
* Os capítulos 20 a 22 do folhetim podem ser lidos AQUI 

23 –

Geisel, pelo fato de morar sozinho, podia a qualquer momento levar a namorada para a sua casa a fim de ficarem sozinhos, livres. Os pais dele moravam em Araguari, cidade vizinha. Há dois anos e meio deram todo o apoio para que ele viesse para Uberlândia estudar. Às vezes sorria, sozinho em casa, na sala de aula, ou na loja em que trabalhava, só de pensar em algum momento passado com Jéssica. Alguma graça contada, algum leve ciúme expresso, algumas frases de carinho, alguma manifestação de prazer: todo o momento passado junto à namorada era motivo para Geisel sorrir um sorriso desconexo. Passaram-se seis meses desde que ele, na praça Tubal Vilela, vira, junto com Marina, Jéssica pela primeira vez. A princípio não dera importância à moça mediana, cabelos negros, crespos, meio anelados, olhos castanhos e pele morena embaçada. Hoje, quatro meses de namoro. Agora, em junho, quase no final do semestre, Geisel conseguia levar as tarefas do curso de Geografia, o emprego, a vida com os pouquíssimos amigos (talvez só Andressa), e o namoro, até o momento, otimamente. Tirando os intensos ciúmes que Jéssica às vezes deixava transparecer, principalmente em relação à Andressa, tudo ia muito bem. Ele, algumas vezes, achava graça, outras vezes não gostava, pois não queria que nada comprometesse sua relação com Andressa. Os dois (Geisel e Andressa) eram maduros o suficiente para saber o que faziam e assim não deixarem nada atrapalhar o namoro dele (que, aliás, não era muito do agrado da amiga) e a amizade de ambos. Independente disso, Jéssica insistia em sentir-se insegura em relação a outras moças e, principalmente, a Andressa, por esta ser tão próxima do namorado.

24 –

Durante todas as férias o casal de namorados se aproveitou. Amaram-se quase todos os dias, cada dia que passava com mais intimidade, experiência e prazer. Geisel, às vezes, ia à casa de Jéssica, conversava com seus pais, brincava com sua irmã. Jéssica perguntava-lhe o dia em que iria conhecer seus sogros. Ele disse que, no final de semana próximo, iria à casa deles e perguntou se ela não queria ir também. Jéssica não poderia ir, já tinha compromisso. Geisel foi a Araguari ver os pais. Em quatro meses de namoro, os dois, pela primeira vez, se separaram. Uma saudadezinha de vez em quando é bom – se confortava Jéssica, cuja insistência para não deixá-la sozinha quase o fizera desistir. No entanto, depois da explicação de Geisel, pois já fazia algum tempo que não via seus pais, ela cedera.

25 –

Já em Uberlândia: “Você já percebeu a mania que Jéssica tem de desviar o assunto?  ania de digressão? – perguntou Andressa a Geisel.” Os dois estavam na casa da moça, assistindo a uma comédia. “Você não gosta dela de jeito nenhum, né?” “Que isso. Não tenho nada contra ela não, sô.” “Não... – ironizou.” “Se ela souber que nós dois estamos assim sozinhos, o que faria?” “Ishi... Sei lá... Ela tem um ciúme de você – enfatizou.” “De mim? De todo mundo! Só que ela disfarça até bem.” “Ha-ha-ha – riu Geisel ao ver uma cena engraçada do filme.” “Ha-ha-ha-ha – também riu a amiga, achando graça na paródia.” “Como eu sou boba, né.” “Por quê?” “Estou sozinha com você e não faço nada. Eu sou uma besta mesma.” “Larga de ser boba, sô – brincou Geisel, demonstrando certo carinho irônico em seu olhar.” Estavam na sala, cada um num sofá. Não deixaram, eles, de ser amigos, como já foi dito, mas diminuíram um pouco a intimidade de antes. “Eu poderia ir muito bem aí onde você está e te dar um beijo, não acha?” Geisel a olhava, numa posição meio desconfortável, e se deleitava com a brincadeira. Andressa, com seu charme, beleza, pele amarronzada e inteligência sedutora, foi a Geisel, que esperava. Era impossível olhar para Andressa e não enxergar uma figura de mulher fatal, objeto sexual por conveniência (ela gostava de se sentir desejada) que ela encarnava. A verdade é que ela, se quisesse, conseguia
excitar e desestabilizar qualquer homem. Mas Geisel era resistente. Era? O rapaz tinha, sim, um carinho enorme por essa jovem bonita, simpática e madura. Inteligentemente sabia fundir, ela, a seriedade e o charme à graça e às brincadeiras que fazia. Além do mais, possuía um corpo lindíssimo, que nu já fora visto por Geisel.

26 –

O tempo ia passando e a monotonia começava a adentrar no namoro de Jéssica e Geisel. De um namoro totalmente prazeroso, em seis meses, passou para um relacionamento seguro e menos intenso. O sentimento ainda continua – achava Geisel. O que passou foi a exaltação da paixão. Mas sabia, ele, que a maioria das relações era assim mesma. Começava no cume, depois descia gradativamente. O importante era ter isso em mente – concluía. .



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