Sobre o 'Manicômio', por Abel Wayne


"O livro Manicômio, de Rogers Silva, traz uma elaborada série de contos que não se prende a seus próprios limites, indo e vindo em uma trança harmoniosa entre si. Esta, por sua vez, faz com que o enredo nos prenda e instigue a ler continuamente, com o intuito de descobrirmos onde as amarras se cruzaram e como findou cada uma delas.

O autor desenrola um série de histórias de amor (ou não) em que os sentimentos que todos estamos acostumados a sentir (amor, prazer, dor, ira, revolta) são ressaltados, colocados à toda prova, nos levando a diferentes e repentinos estados de espírito, transportando-nos e renovando os ânimos a cada página lida.

Vistam suas camisas de força se pretender ler este livro, pois o mesmo consegue levar nosso ponto de sanidade e autocontrole ao extremo em contos em que o amor, o sexo ou a vingança te forçam a repensar os atos e ações que tenhamos realizados ou não em nossas próprias vidas. É aí que ele se torna magnífico.

Os contos possuem como tema básico (em quase todos) o amor, mas em toda linda história de amor o final sempre contém a morte como desfecho. Destacam-se também outros em que a narrativa é feita por objetos, o que os torna bem singulares.




A ambiguidade do sol: Uma viagem ruim

É um conto narrado por uma canção, chamada One bad trip, que inicialmente está sendo escrita e descreve bem as expressões de seu compositor (Brad) e os sentimentos que ele tenta transmitir na composição da letra, cifras e melodias com fim dramático que só se descobre no conto Uma viagem estática.

Clarissa

Em uma narrativa infantil e imatura do narrador-personagem, um menino conta como foi seu primeiro amor por uma amiga um pouco mais velha chamada Clarissa. O amor platônico dele é correspondido somente com amizade por ela, mas os pequenos gestos de gentileza inspirava ainda mais o amor dele. No natal ele ganha um presente todo esperado, o que não era esperado é o final avassalador da narrativa que comove pela simplicidade como é descrito.

O mundo desencantado de Desseres

Este conto é no mínimo engraçado. Desenrola de forma bem "enrolada" em narração direta e indutiva a vida de dez seres, cada qual com seu desencanto (aí está a graça) e com o morrer ímpar de cada um explica-se assim o desencanto de um a um, categoricamente.

Amor Amor: Ruínas

Dividido em três partes, sendo elas:

I – Um voo entre as estrelas e o chão

Um conto quase erótico, com várias cenas de sexo, nos trazendo várias aventuras sexuais de um jovem na cidade Uberlândia que tem variadas parceiras (casadas carentes, mulheres solitárias, virgens inseguras, noivas de outrem) sem se preocupar com as consequências desse relacionamentos para a vida delas e mesmo para a dele.

II – As (im) perfeições do nosso amor

Com um texto direto e verticalizado entramos na mente de Dona, uma mulher que se apaixona por Jalousie. Ela muda seus atos e vida e se adapta a essa nova relação com trocas mútuas de carinho e afeto. Mas enquanto ela imagina um futuro e aguarda um retorno dele, nada acontece; então a moça desesperada por uma relação mais estável decide largá-lo para sempre.

III – Amor-perfeito

A intensidade de um amor sendo vivido de forma plena por um casal apaixonado e que se ama incondicionalmente, um amor que transcende a vida e a morte, o espaço e o tempo perdurando pela eternidade.

Meus olhos verdes

Com um formato que lembra atos de teatro, uma linda história de amor de Geisel e Jéssica que tem como cenário principal a cidade de Uberlândia, com destaques para a Universidade Federal de Uberlândia, campus Santa Mônica. Tudo era lindo e perfeito no amor do jovem casal, mas na vida nada é eterno e sob circunstâncias adversas e surpreendentes finda-se o amor e nasce o ódio.

A ambiguidade do Sol: Uma viagem estática

Aqui nos é apresentado o cotidiano da família de Brad, autor da música One bad trip, do conto A ambiguidade do sol: Uma viagem ruim, e os sentimentos, ilusões e desilusões que cercavam a vida do compositor da canção.

O Espelho

A maior e mais complexa narrativa do livro se entranha em quase todas as histórias e fechando ou finalizando todos os contos em aberto até sua chegada. Outro caráter impressionante dele é o levantamento histórico em seu desenrolar que se inicia nos anos iniciais do século XIX, data da fabricação do espelho/narrador/personagem (às vezes figurante, às vezes coadjuvante), até início da década de 2000, quando o mesmo "morre".

A última revolta de Jesus Cristo

Narra o desespero de Jesus minutos antes de sua morte e depois do não atendimento do seu último pedido se revolta da única forma que lhe resta. Surpreende.

Manicômio

O conto que deu origem ao titulo do livro, descreve o cotidiano de inúmeras pessoas na cidade de Uberlândia. E é como as mais simples decisões e fatos de vidas normais e comuns reforçando a teoria de que no “mundo dos loucos os normais são malucos”, deixando no ar a questão do manicômio que nada mais é do que a vida e simplesmente o fato de vivê-la.

A ambiguidade do Sol: Uma viagem fantástica

Em uma reunião extraordinária, se reúnem 14 personagens incríveis de vários e distintos lugares, crenças e níveis intelectuais que vêm da mitologia greco-romana passando pela mitologia oriental e pela mitologia ocidental (Cristã em particular) e chegando aos grandes heróis dos animes, desenhos animados e gibis. Neste encontro é colocado em pauta o futuro da humanidade e conclui-se então, depois de várias exposições, que a vida dos humanos só poderia ser salva com o elemento primordial da nossa existência: o amor. Mas será salva a humanidade?"

[ Abel Wayne ]




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